terça-feira, 22 de setembro de 2009

Os muros de Porto Alegre não têm cores

Na entrada de 2008 percebi que Porto Alegre está mais cinza. E isso não se deve ao gás carbônico que milhares de automóveis soltam na atmosfera diariamente, não. A cidade está mais cinza porque vários viadutos antes grafitados, e propriedades publicam e particulares estão sendo pintados com a “TINTA-ANTI PIXAÇÂO”. Na Intenção de oprimir e reduzir os danos causados pela pratica da escrita ilegal de um modo rápido e fácil. Dependendo do promotor que fizer o processo, a pichação ou ate o próprio Graffiti sem autorização e considerado Dano art. 153, e Crime ambiental. A medida de pintar os muros com uma tinta que proporciona a remoção de qualquer rabisco de spray ou acrílico ou PVA, também tem como propósito reduzir as incontáveis TAG’s e BOMB’s espalhados pela cidade e que tanto perturbam quem se detêm ao padrão estético que nos é imposto.

A já polemica “TINTA ANTI-PIXAÇÂO”, que já foi protagonista de projetos com apoio da prefeitura e da Sec. da Segurança, incentivando a comunidade a se prevenir e pintarem suas casas e comércios com a “Tinta-Magica”. Alem de ser três vezes mais cara que a tinta acrilica convencional, esse produto ainda exige que, caso riscado, o muro tenha que ser limpo manualmente. Diversas tintas com o mesmo propósito já foram desenvolvidas ao redor do mundo e isso somente serviu pra disputa de mercado, pois a tecnologia usada pra fabricarem sprays, foi intensificada dificultando a remoção com sprays cada vez com maior pigmentação e densidade. Isso também aumentou o preço dos materiais, que são para muitos o meio de ganhar a vida, através da arte.

Todas essas manifestações que vemos nas paredes são reflexo do exato período que vivemos, é o resultado de anos e anos de um processo de evolução, afinal desde o tempo das cavernas que os seres que tinham capacidade de raciocinar já demonstravam formas de expressão através da arte rupestre, onde vemos cenas do cotidiano dos homens das cavernas. Assim sabemos o q se passou naquela época, como em Roma onde inscrições eram talhadas nas paredes de pedra. As inscrições com já disse fazem o papel de demonstrar o cotidiano de determinada época e os costumes dessas épocas.

A palavra pichação, com CH, teve origem no século XVI onde uma parte conservadora da igreja católica usava u PICHE, substancia escura, pegajosa que é derivada do alcatrão, para escrever palavras de baixo calão nos templos de outras religiões. Alem de possuir grande potencial criativo, os jovens que praticam a pichação não encontram uma forma convencional pra se expressar ou simplesmente se integrar fazer parte de algo, que traga a satisfação, reconhecimento imediato, ou só um espaço de participação. No meio do caos urbano que vivemos hoje, com propagandas, publicidades e divulgações por todos os lados, não é fácil ser notável, ainda mais passando pelo processo de amadurecimento forçado do seculo XXI.

É nesse momento que incluo o Graffiti como ferramenta de inclusão social, afirmação dos valores humanos, respeito pelo bem estar coletivo, e por ser um elemento da cultura Hip-Hop também uma forma de expressão voltada pra recuperação da alto-estima, bem como os demais elementos o Break, o DJ, e o Rap.

Os grafiteiros que são uma parcela dessa cultura global também merecem o reconhecimento, respeito e a devida valorização pela posição que ocupamos dentro da sociedade como arte educadores, artistas, multiplicadores culturais dentro de nossa estimada cidade, assim como a todas as outras vertentes culturais, afinal um ser humano sem acesso a cultura, com certeza terá dificuldades durante todo seu processo de crescimento individual, e em conseqüência afetará também os que o cercam.

Nosso interesse não se resume em fazer graffitis bonitos que dão nova vida aos muros de Porto Alegre, é necessário sermos consultados nos processos democráticos que envolvem nossa área de atuação, pois temos muito a contribuir com nossa experiência. Afinal investimento em CULTURA, LAZER, ESPORTES, enfim, POLITICAS PUBLICAS DE JUVENTUDE devem ser mais eficazes que cobrir tudo com um material que se sujar e só lavar que acabou se o problema ou com punição, quaisquer que seja. Só assim na minha própria opinião, será possível descobrir novos DA VINCI’s, e MIKELANGELO’s, ou esses jovens continuarão nas sombras da cidade, escondidos, rabiscando muros num protesto silencioso e sem fim.

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