terça-feira, 22 de setembro de 2009

Continuamos fazendo as oficinas, o trabalho social, os shows, as festas, e o Freestyle nas esquinas




Manos e minas gaúchos estão se envolvendo e produzindo muita cultura em diversas cidades de todo o Estado, das mais variadas formas, mas sem perder o eixo central de fazer o Hip-Hop crescer.

Através de festas Hip-Hop muitos jovens têm entrado em contato com os protagonistas da cena artística local como em Passo Fundo, onde o Marava e a rapa da Nação fazem a programação que contou já com diversos nomes se apresentando na cidade. Em Caxias do Sul o grupo D’Villas lança CD duplo. Outro que lançou CD foi o W-Negro de Porto Alegre, que aparece sentado em um tanque de guerra na capa do seu 1° álbum, produzido todo de forma independente. Também acontecem festivais e grandes eventos como a “Semana do Hip-Hop de Porto Alegre”, que com grande participação da Nação Hip-Hop Brasil na elaboração e aprovação da lei que hoje faz da segunda semana de Maio data permanente como parte do calendário oficial da cidade e já está na sua 2º edição. Está acontece um “Festival de Funk e Hip-Hop” para novos talentos e ainda um evento que chega à sua 5ª Edição “COHAB é só Rap” e no ano passado contou com vários grupos locais e uma atração de SP: o RZO. Posso citar mais festas que integram o movimento aqui como a Peleia de Mc’s, o equivalente gaúcho a Batalha do Real carioca e da rinha de mc's de São Paulo, com produção do Nego Robson, ou a festa boa do Fabrício milk-shake, entre outras espraiadas nesse nosso Rio Grande. Mas também informo o encerramento das atividades do Gê Power’s, onde muitas pessoas conheceram o hip-hop e que sempre vai ser referência em relação às festas de rap e Black-music em Porto Alegre. A cena mais Undergroud acontece todas as noites em esquinas de becos e avenidas, com batidas de beat-box e freestyle, já clássicos de lugares como a Cidade-Baixa de PoA, por vezes um palco aberto, onde diversas cabeças observam atentamente as rimas e batidas se enturmando numa grande roda.

Na área da dança, têm acontecido batalhas em diversas cidades, como em St° Ângelo no Fórum de Juventude onde em caravana da Nação o pessoal da Restinga Crew disputou com as crews locais, ou também em Rio Pardo onde recentemente aconteceu a 1ª batalha de b.boy da cidade, por iniciativa dos manos da região, como o b.boy Roger. Na capital aconteceram batalhas nos eventos maiores como a própria semana do hip-hop. Este elemento tem se destacado na área de oficinas, sempre com grande interesse das crianças.

Aqui também o Graffiti tem aberto muitas portas, entrando de vez no circuito nacional com projetos como “6 Direções”, que fez um grande intercambio de artistas da cena de todo o país, incluo também nessa lista a expo “Transfer” numa retomada do Graffiti as galerias de arte, ou a grafitagem da Art do Risco nos muros da fabrica da Coca-Cola no RS quebrando tabus do receio de grandes empresas em investir no talento local, contamos com visitas ilustres de toda a parte da America Latina e destaco a presença do grafiteiro Daze de NY, que trocou muita experiência com a turma daqui. Recentemente rolou o USINA URBANA, que com grande estrutura, abriu as portas da usina do gazometro para a street art. A criação da galeria publica de street art na estação de trem e outros encontros que rolaram em diversos cantos da cidade e do Estado, bem como oficinas e palestras coroando um bom momento do Graffiti regional.

As lojas e grifes próprias do hip-hop tem espaço no mercado aqui no Sul, com produtos cada vez mais atraentes, que vão de camisetas e bonés, casacos e calças e até tênis e meia como no caso da “Di Boa”, contamos com as lojas “Ponto Favela” e “Neurose”, a grife “Perifa” e a nova loja daqui da cidade a “Bronx” para encontrar as roupas largas características da cultura de rua.

Organizações de hip-hop são importantes pra nós, porque mostram nossa capacidade de interagir com a sociedade, com governos e com a iniciativa privada e ai temos o exemplo da “Sitio”, temos também a “Alvo” e a “Enxame”, os grafiteiros da “Circulando”, e ainda “470 Kasulo”, a “Militantes da Sul”, a “CUFA” e o “MOHHB” estão presentes no Estado e a “Organização Cultural movimento Hip-Hop ” do programa “Hip-Hop Sul”, existem alguns programas em rádios abertas que tocam Rap’s entre a onda “Tsunami” de rits de Funk, e mais algumas rádios comunitárias e rádios ON-LINE, com maior liberdade de programação, fazendo a rede de mídia e comunicação de massa, além, são claro, das comunidades, blogs, my spaces e sites que circulam na internet hoje, como o Adversus do Nitro Di e a recem lançada revista NEUROSE NEWS e o tambem recem lançado SALVE o jornal da Nação Hip-Hop RS em parceria com a CTB.

Muito de minha atuação é voltada pra ação social, então cito os acontecimentos que achei mais positivos nessa área de atuação como o filme “Vitimas do Crack” do Rapper Dogg, como os “Domingos Alegres” com o Edinho Dekabrada, que produz diversos grupos no seu estúdio e lembro bem as incontáveis oficinas e palestras que a Nação desenvolveu em escolas de 1° e 2° grau da rede publica, e em faculdades como UFRGS, PUC e IPA e em Caxias com o Duda e o Caramujo, já tendo atingido milhares de jovens com o 5° Elemento, o Conhecimento. Uma das melhores coisas na cultura é a ampla rede que ela forma, e que visualizada, pode criar grandes fenômenos como o “Sarau Cultural do Bezerra”, projeto da Nação RS, que nasceu nesse ano e que da mesma forma que o sarau da “Coperifa” em SP, tem como protagonista a literatura marginal, e no dia 07 de novembro de 2008 contou com uma edição na “Feira do Livro de Porto Alegre”, com a participação dos três mestres de cerimônia: Washiton Cucurto, que criou o sarau na Argentina, Sergio Vaz que trouxe o sarau pra dentro das favelas paulistas e Mano Oxi, que junto com a Nação adaptou o sarau pra o nosso sotaque gaúcho. Relembro nossa participação na construção da Marcha Zumbi dos Palmares, que resultou em um dia de alforria, em parando o centro de Porto Alegre.

Visualizo que após as eleições do ano passado o Hip-Hop teve um saldo muito positivo no Estado tendo candidatos a vereador em quatro cidades, incluindo Porto Alegre, são eles: Mano Oxi(POA), Valter (Campo Bom), Paraiba(Taquara)e DJ Gutti (Sapucaia), nenhum deles saiu eleito mas serviu para afirmarmos que o povo tem legitimidade para assumir o poder, que sempre esteve do outro lado,que nunca foi do gueto, nunca foi da periferia, e que vamos usar esse poder para quem precisa dele, que são emergencialmente as favelas. Já fizemos historia e vamos nos empenhar de forma triplicada agora que já temos um piso, agora que temos um chão, uma base de referencia da nossa influência nessas cidades, e ampliar nossas fileiras para os próximos desafios que virão, seja em Alvorada com o White Jay nos eventos da praça da 48, seja em São Leopoldo com o SMUA e sua luta pelas entradas adaptadas para deficientes físicos nos ônibus e estabelecimentos da cidade. A Nação tem sido um grande diferencial por trabalhar na capacitação dos seus quadros e tem realmente interferido na realidade do Hip-Hop do Sul do país como na aprovação da Lei da “Semana Estadual do Hip-Hop” aprovada recentemente na Assembléia Legislativa, apresentada pela Nação ao Dep. Raul Carrion e por ele levada a votação. Realizado no dia 13 de Junho de 2009 foi, concerteza um dos maiores encontros já realizado no auditorio Dante Barone da Assembleia Legislativa com mais de 800 jovens incluindo muitas lideranças do RS, SC, PR e TONI C da Nação Hip-Hop Brasil de SP e contou com os 4 elementos, mais o 5º o conhecimento, e sacudiu a casa do povo.

Encerrando esse depoimento vejo um momento ideal para dizer que através dos elementos do Hip-Hop resgatamos a auto-estima e incluímos na sociedade diversos jovens que estão em situação de risco, oportunizando a eles protagonizarem essa transformação. Avançando cada vez mais na ação coletiva e na capacitação e profissionalização, tendo isso como um processo natural, que pode ser acelerado, conforme nosso próprio esforço. Um grande momento se passa no RS muita confiança e determinação pra encarar esse novo período do seculo21, onde um Presidente negro acaba de assumir o centro do império capitalista mundial. Os ventos da mudança...

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